As pessoas precisam de espaço.

Espaço pra terem saudade, pra sentirem falta. Ninguém consegue se dar conta de que a presença da outra pessoa é realmente importante se ela está sempre ali. Você se acostuma, torna banal algo que deveria ser raro e especial. Não que um encontro precise acontecer só de tempos em tempos, mas marcar presença constante é sufocante. Como um lençol, que precisa amenizar o frio, não matar de calor.

Alguns de nossos pares funcionam assim: precisam estar longe para sentir o quanto querem estar perto. É estranho? Sim, mas te garanto que é perfeitamente entendível. Querem um tempo. O Tempo é tão único que cada um tem o seu. Enquanto estar ao redor de alguém não for bom pra um dos dois, tenha certeza que nada frutificará. Pelo contrário. Tentar agradar demais, elogiar demais, se mostrar disponível demais, apenas o fazem se tornar mais um rapidamente.

E isso nada tem a ver com saber – ou não – dar valor.

É apenas uma questão de dar espaço, como já dito. Nem todas as coisas precisam de você, aceite. A vida segue com ou sem a sua presença. Mas quando ela acontecer, que seja por uma boa causa. Ainda que ligações de madrugada, mensagens no meio da tarde e esperas na saída do trabalho sejam sempre bem vindas, tornar surpresas rotina acabam fazendo com que essas mesmas surpresas sejam banais.

Um “eu te amo” dito repetidas vezes enjoa. Claro que, em alguns momentos, pode-se gastar as palavras (acompanhadas de gestos, por favor!). Em outros, um olhar já diz tudo. A distância é craque em tornar palavras abraços. Quando não se pode estar perto, quer se estar presente de alguma forma. Mas nenhuma tecnologia vai substituir o físico. Assim, estar dentro do coração do outro é bem mais importante.

Valorizar o momento a dois é tão importante quanto compreender que os momentos sozinhos também são bons. Por mais que se construa uma estrada junto, cada um tem que fazer sua parte, tocar sua vida e assumir seus projetos. Para tal, é preciso saber onde começa e termina o quadrado de cada um. Querer um tempo para si não é egoísmo, nem tampouco prova de que não se gosta mais de alguém.

Às vezes é apenas uma mera necessidade.

(Gustavo Lacombe)