Já sei que podemos ser felizes. Não sei quantos filhos teremos, como chegaremos lá, nem o que o futuro nos reserva. Sei que dá pé. Pode-se sonhar à vontade. Sempre se pôde, eu sei. Só que agora, mais que nunca, pra mim é palpável. Engraçado dizer isso sobre algo que está tão longe, mas, sim, é concreto o futuro que nos é permitido escrever.

Não me pergunte como foi, sei que fechei os olhos e, numa miragem, te vi mais velha na minha frente. E linda. E eu amei ainda estar ao seu lado compartilhando cada ano da sua vida, da nossa vida, juntos. Abri os olhos. Feliz, já torcia muito para que essa visão se confirmasse. Tentei ver-te de novo, mas já tinha passado.

O que me deu tanta certeza? Pode parecer estranho, mas não foi imaginando uma caminhada daqui pra frente. Foi, justamente, se apoiando no que já construímos. Nosso passado nos dá base suficiente para que consigamos erguer, sobre nossa confiança e respeito mútuo, o relacionamento que queremos, aí sim, daqui em diante.

Cheguei a sentir um calafrio. Um arrepio atravessou minhas costas e eu compreendi na hora que era um aviso de que não deveria ignorar o fato. Se era maluquice ou não da minha cabeça, não importava. O que eu sabia era que precisava contar, e reafirmar o que não canso de falar no seu ouvido, escrever nas mensagens ou de declarar com meus olhares. Eu te amo.

O para sempre é feito com uma porção de agoras, que vamos vivendo aos poucos, a cada dia, a cada encontro. Se for da nossa vontade, que essa vida nos passe como um dejá vu, guardando suas devidas surpresas. O que sei é que consigo ver, lá na frente, dois senhores sentados com uma caixa de retratos, rindo e relembrando de como valeu a pena tudo que passaram. Lá na frente eu consigo ver a gente.


Gustavo Lacombe